Notícias Externas

Eduardo Machado: Uma história de pai para filho

por Luana Oliveira

Foto: Luana Oliveira

Quem no setor minerário brasileiro nunca ouviu o nome Eduardo Rodrigues Machado Luz? Empresário do setor de agregados para construção civil, começou quando ainda era criança a ajudar o pai nos negócios da família, continuou com esta tradição e fala da mineração com muito orgulho e carinho. Atua fortemente na consolidação das entidades de classe e está à frente de diversas mineradoras do Estado de São Paulo. Confira a entrevista!

O que é a mineração?

Machado: É a célula-mater de todas as atividades industriais, desde a mais primitiva até a mais sofisticada e desenvolvida pelo homem. A mineração é indispensável para o suporte da civilização que conhecemos hoje, ela é a base para a indústria nacional, está ligada á tudo, ao transporte, embalagens e sinceramente, não consigo encontrar nada em que ela seja dispensável. Do nascimento à morte, os bens minerais fazem parte de nosso cotidiano e só com eles podemos manter a qualidade de vida que hoje possuímos.

Conte a sua trajetória (cidade em que nasceu, família, escolaridade...)

Machado: Nasci na cidade de São Paulo/SP, mas passei a minha infância até os sete anos na cidade de Laranjal Paulista/SP, pois minha mãe era enfermeira, trabalhava em horários alternados e foi necessário ficar no interior com as minhas tias. Tenho dois irmãos e uma irmã por parte de pai, sou casado há 37 anos, tenho cinco filhos e nove netos. Completei o 2° grau, científico e entrei para a faculdade de Engenharia Civil, mas na época tive que parar a universidade, pois meu pai ficou doente e fui assumir os negócios.

Como iniciou no setor mineral?

Machado: Tudo começou com o meu pai, senhor Viterbo Machado Luz. Ele nasceu em 1912, perdeu os pais aos sete anos de idade e foi criado pelas tias. O seu primeiro emprego ainda como menino foi como ajudante de draguista pela empresa Cia City Lapa e Cia City Pinheiros. Depois de alguns anos, ele foi trabalhar em uma mercearia e comprou um caminhão para fazer entrega de alimentos. Em meados de 1930 ele começou a trabalhar com a mineração de areia. Iniciou com o transporte de areia para a construção da Catedral da Sé e a extração era realizada no leito do rio Pinheiros. O transporte era feito por carroças ou bondes no trilho. Com isso, meu pai começou a investir nos portos de areia que existiam às margens dos rios Pinheiros e Tietê e nas várzeas, como na atual área dos parques Villa Lobos e parque Ecológico do Tietê. Com a experiência adquirida ele expandiu suas atividades para a região de Carapicuíba. Atualmente esta é uma área recuperada e é a lagoa de Carapicuíba. Em 1965 foi para a região de Parelheiros, zona sul da cidade de São Paulo. Naquela época não tinha nada nesta região, apenas mato (risos), mas ele percebeu que o local era adequado para investir e expandir os negócios e deu certo (risos), porque foi a partir desde momento que a marca Viterbo ficou conhecida e foi o local em que comecei a trabalhar no setor mineral. Aprimorei as ideias do meu pai procurando novas tecnologias, tivemos mais preocupação com o meio ambiente e a mineração faz parte da minha vida hoje e se Deus quiser para sempre.

Com relação as suas empresas, como o senhor avalia o momento atual da economia?

Machado: Um momento de muitos desafios e que é preciso muito diálogo com a equipe no sentido de superar obstáculos, otimizar equipamentos, acompanhar as vendas, atender os clientes dedicadamente e ter muita atenção com a inadimplência. Já passei outras crises com situações piores e superei. Na crise, é que devemos mostrar competência, criatividade e muita união entre empresa e equipe. Acredito na nossa competência e as oportunidades que nosso país oferece como a infraestrutura do Brasil com hospitais, aeroportos, estradas e moradias, o que reflete no consumo de bens-minerais (argila, areia, cal, pedra...). O Brasil é um país que têm grandes oportunidades para melhorar, com saída para o mar, rios importantes e com essa crise temos que fazer o máximo para sair dessa situação.

Na sua opinião, o governo dá uma atenção especial ao setor mineral?

Machado: O setor mineral está, atualmente, inserido de alguma forma nas políticas de governo, até porque parte considerável das divisas obtidas no comércio exterior provém das matérias primas produzidas pela atividade de mineração. O que se pode dizer, no entanto, é que o setor, por diversas razões, não recebe a atenção que faz jus. Falta estrutura e maior dinamismo na gestão de nossos recursos minerais, não adequadamente providas pelos diferentes governos, fato que nos deixa mais vulneráveis diante de cenários econômicos adversos, como neste que agora vivemos.

Qual a principal conquista que o senhor destacaria do COMIN?

Machado: O COMIN - FIESP, primeiramente, encerra o seu primeiro grande feito em si mesmo! A criação do Comitê da Cadeia Produtiva da Mineração permitiu a inserção do setor mineral no principal fórum de discussões das atividades industriais, na casa que aglutina boa parte do PIB nacional, a FIESP. Depois dessa conquista, inúmeras outras foram se sucedendo, mas podemos destacar a articulação da FPAM – Frente Parlamentar de Apoio à Mineração, a busca da inserção da mineração na estrutura do Estado de São Paulo, com a criação da Subsecretaria de Mineração e a abertura de inúmeras frentes que permitiram o avanço notável nas discussões dos nossos problemas, como é o exemplo da Câmara Ambiental de Mineração.

Qual a relação do COMIN com os órgãos oficiais? E o setor tem participado das decisões?

Machado: O COMIN é um fórum de discussões dos interesses setoriais. Por aglutinar a representação dos diversos segmentos da mineração paulista, ele também se torna um porta-voz das nossas demandas, na busca de soluções para nossos problemas. O comitê, sempre com a participação do setor, dialoga e desenvolve ações contributivas para o aperfeiçoamento e ajuste de todo o sistema de regramentos que norteia a atividade e tem como premissa o fomento à mineração sustentável, conduzida sob a égide da melhor tecnologia disponível. Sempre com a participação do setor.

Na sua opinião, como a mineração poderia mudar a imagem de “destruidora do meio ambiente”?

Machado: É uma questão sobre a qual profissionais, empresários e acadêmicos do mundo todo têm se debruçado há muito tempo, sem produzir uma receita que seja única e definitiva para a questão da mudança de imagem. Creio que é preciso demonstrar que a combinação de tecnologia, respeito ao meio ambiente e a consciência de que os recursos minerais não são renováveis, permitirão que o espaço físico ocupado de forma transitória pela mineração, será devolvido apto para outro uso futuro, sem que se precise abrir mão desses recursos. E dar bons exemplos é emblematicamente à vitrine que permitiria a exposição dessa mudança de imagem. A mineração é sazonal, tem vida, paixão e morte, ela tem caráter de modificar o meio ambiente, porque o bem-mineral está no subsolo, mas temos que pensar e se preocupar o que na área da atual mineração pode ser daqui alguns anos para a sociedade. E sempre comentei da licença social, você tem que estar bem próximo e procurar a forma correta de colocar na prática e sempre pensando no uso futuro.

Referente à sustentabilidade ambiental, como as empresas podem trabalhar e ajudar a sociedade?

Machado: Sustentabilidade é o caminho para a licença social, aquela que só é dada pela opinião pública que constata que a atividade de mineração é benéfica, lato senso. Mais do que ter resultado econômico, é preciso comprovar que os cuidados com o meio ambiente constituem mais do que simples exercício de retórica e ainda ter atenção com a comunidade do entorno da atividade. A mineração, muitas vezes atividade industrial embrionária em determinadas regiões, pode também cuidar do lado social, contribuindo para a formação, educação complementar e lazer da comunidade. Os exemplos de iniciativas de sucesso são muitos.

Na sua opinião, qual a maior dificuldade para manter uma mineração no Estado de São Paulo?

Machado: A maior dificuldade é a lentidão no licenciamento, tanto no âmbito ambiental, mineral e/ou municipal. A primeira dificuldade é obtenção da licença, com prazos longos, muitos documentos protocolados e depois o prazo curto da licença (3 anos). Poderia ter uma renovação anual e a licença com validade até a vida útil da jazida.

Foto: Luana Oliveira - Eduardo Machado com os filhos e a esposa Elaine.

Conhecendo mais:

  • Nome completo: Eduardo Rodrigues Machado Luz
  • Time de Futebol: Palmeiras
  • Data de Nascimento e Signo: 27/04/1955 - Touro
  • Uma viagem: Pescar em Cananéia
  • Uma conquista: “A minha família e empresa sólida bem estruturada”.
  • Qual era a profissão que queria ter, quando era criança: “Nossa, tive várias (risos), mas primeiro queria ser médico porque a minha mãe era enfermeira e depois bombeiro ou policial rodoviário e por último trabalhar na área da construção civil e junto com o meu pai” (risos).